Foto:Pablo Iglesias
A decisão da Justiça em conceder, na tarde desta segunda-feira (15), a progressão para o regime aberto ao ex-sócio da boate Kiss Elissandro Spohr, conhecido como Kiko, segue repercutindo. Com a decisão, ele se torna o primeiro dos quatro condenados pelo incêndio da casa noturna a obter o liberdade condicional, com uso de tornozeleira eletrônica.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
O benefício foi concedido após pedido da defesa e o reconhecimento do cumprimento dos requisitos legais previstos na legislação penal. Entre as condições impostas pelo Judiciário estão a manutenção de vínculo de trabalho, o comparecimento periódico em juízo para prestar contas de suas atividades e o monitoramento eletrônico.
A decisão provocou reação da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). Em contato com a reportagem, o presidente da entidade, Flávio Silva, falou que o avanço dos benefícios aos condenados reforça a sensação de injustiça vivida pelas famílias.
- O Tribunal de Justiça transformou esse processo em uma grande piada. Nada mais nos surpreende. Essas decisões são um tapa na cara das famílias das vítimas - afirmou.
Segundo Silva, a entidade seguirá buscando a reversão das decisões que reduziram as penas dos condenados.
- Nós vamos trabalhar para reverter essa situação. Vamos lutar para derrubar a decisão que reduziu as penas pela metade e fazer com que eles cumpram o restante da condenação - declarou.
Além de Elissandro, o ex-sócio da Kiss Mauro Hoffmann também teve a pena reduzida para 12 anos e já obteve progressão para o regime semiaberto, com autorização para trabalho externo. Ele cumpre pena na Penitenciária de Canoas. Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, integrantes da banda Gurizada Fandangueira, também tiveram as penas reduzidas de 18 para 11 anos e cumprem pena no Presídio Estadual de São Vicente do Sul, com direito a trabalho durante o dia e retorno à noite.

- Obras de proteção de encostas nas rodovias federais da Região Central devem durar mais um ano
- DetranRS quer aplicar regras antigas enquanto sistemas se adaptam às novas leis para obtenção de CNH
Para Flávio Silva, a proximidade das datas que marcam a tragédia torna o impacto das decisões ainda mais doloroso.
- Estamos às vésperas do Natal e muito perto de mais um 27 de janeiro. Para nós, é um presente amargo. Eles saem, voltam para suas famílias. Os nossos filhos não vão sair nunca do túmulo - disse.
Em 2021, Elissandro foi condenado a 22 anos e seis meses de prisão. A pena foi reduzida para 12 anos após decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), em julgamento realizado em agosto de 2025.
Antes da progressão ao regime aberto, ele já havia obtido autorização judicial para saída temporária destinada ao trabalho externo.
Com a progressão ao regime aberto concedida a Elissandro Spohr, a expectativa é de que as defesas dos demais condenados também apresentem pedidos de livramento condicional nos próximos meses. Enquanto isso, familiares das vítimas afirmam que seguirão mobilizados para questionar judicialmente as decisões e manter viva a memória dos jovens que perderam a vida na tragédia da boate Kiss.